domingo, 28 de agosto de 2022

Bobo dos tolos.



Celebremos, principalmente quando nos enganamos.

Se outrora tínhamos a obtusa firmeza das negatividades, há de se celebrar nossos mais deliciosos equívocos quanto a isso.

Quando nos afogamos em nossa amargura e estamos convictos dos nossos desígnios malgrados, o acaso e a fortuna magicamente contradizem nossas certezas e fazem o brilho no olhar resplandecer para curar nossa cegueira emocional.

Pois sim, a morte é a ausência de sentimento, e no presente encontro-me vivo. Não há preocupações sobre a simetria e reciprocidade, efetivamente, neste momento eu só quero comemorar o fato de sentir. 

São coisas dessa inexplicável escola da vida, a qual sou um grato aluno. Os tolos e bobos sorrisos voltaram, mesmo sem a devida certificação da retribuição, hoje me basta sorrir. Amanhã eu me preocupo com as letras miúdas da paixão.

 E se para os gregos antigos as musas eram entidades para inspiração da ciência e das artes, a minha serve para cultivar em mim os meus melhores sentimentos, e a ela sou imensamente grato. 

Mergulho nesse oceano de incerteza, sem nenhum medo ou receio, mesmo sem saber nadar. Não busco uma boia de salvação. É justamente essa imprecisão que torna o desconhecido ser maravilhosamente adocicado.

Mesmo outrora tendo experimentado de sentimento parecido, sempre parece que é a primeira vez, e isso não tem preço.

Rogo que minha sorte seja felicitada, mas já me sinto agraciado. 



 

  

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Nunca foi só política, Idiota!

No fim de 2019 tomei uma decisão muito importante, e muito radical na minha vida. Rompi com meus amigos. Não foi uma decisão fácil, mas não posso afirmar até o momento que tenho arrependimento.

Aos meus detratores, tenho muito a dizer e nenhuma oportunidade de falar e acredito que o dia de uma conversa franca e direta nunca chegará. Daí a necessidade de expor aqui minhas razões.

A começar pela indignação que já vinha crescendo dentro de mim, uma sentimento de injustiça política que era obvia aos meus olhos e cega para meus amigos, mas que no momento era por mim aceitável, minha arrogância me deixava confortável em crer que eu tinha olhos para enxergar o cenário obscuro que se passava no país e que cedo ou tarde meus pares também o fariam e assim poderíamos juntos nos indignar diante da absoluta desfaçatez dos atos que se passavam nos jornais.

Mas para minha decepção e desespero, aqueles quem eu chamava de amigos tomaram um caminho totalmente divergente, um oposto medonho e foi ai que eu realmente consegui enxergar que meus parceiros não rezavam pela mesma cartilha da vida que eu.

E nisso, foi-se revelando personalidades com as quais eu jamais imaginaria ter contato. Valores que eu acreditava que eram universais e plenos para mim eram impossíveis para eles. Percebi que a capacidade de indignar-se com o injusto, com a covardia, com a mentira, com a violência, com a mediocridade. Eram valores antigos carregados de preconceito e intolerância.

Foi nesse insight que percebi que meus amigos tinham uma visão de vida, de sociedade, totalmente divergentes das minhas, e nesse momento meu mundo caiu. Justamente eu que me enxergava muito apegado à minha galera constatei que eu é quem estava no grupo errado.

A partir comecei a questionar o valor dessas amizades em minha vida, o que realmente essas pessoas acrescentavam em minha vida? Seria eu o errado na maneira de visualizar realidade?

Comecei a cobrar posicionamentos, a desnudar comportamentos hipócritas, a mostrar minhas convicções de maneira transparente. Tudo isso no intuito de obter respostas às minhas perguntas, sempre na esperança de que na minha arrogância de saber tudo, que estava equivocado, que meus amigos sim compartilhavam do mesmo prisma da realidade que eu.

Excetuando um ex amigo que demonstrou que não tinha nenhum respeito ou consideração pela nossa amizade, e que pasmem até compartilha das mesmas convicções que eu, o que se aventou no meu horizonte foi um coletivo de ataques pessoais na tentativa vã de defender posicionamentos retrógrados e cretinos. 

Acabei por assim, forçosamente, me afastando lentamente de cada um deles, sem dar explicações ou por criar conflitos. Alguns ainda que timidamente buscaram explicações, outros criticaram meu posicionamento, definindo-o com radical. "Vai brigar por política é?" Diziam.

Mas nenhum deles conseguiu entender realmente meu afastamento e não os culpo. A profundidade dos meus motivos não foram explicados ou não se deram o trabalho de querer explicações, e talvez não entenderiam ou de certa forma se sentiriam aliviados com minha ausência.

Meu grande medo é ter que algum dia assumir para mim que nunca tive amigos verdadeiros, que na realidade nossa amizade sempre habitou no campo superficial das coisas e que na realidade sempre fui um ser só, e me alimentava desses miúdos de atenção para preencher o vazio que existe em mim.

Não há como negar que em 2 anos de isolamento, a solidão me seja benéfica, ou que tenha me trazido juntamente com a reflexão o menor resquício de felicidade. Me atormenta sentir falta de algo que já não sei se o tive.

Tenho que arcar com peso das minhas atitudes, o preço é tão alto que beira a insanidade, mas sigo firme nos meus posicionamentos.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Diálogos





De onde vêm tamanha imprecisão, mesmo depois de tanta repulsão?

Ora, cretinos somos todos nós, aqueles mesmos que não conseguem explicações diante dos retratos estampados em todos os outdoors da cidade.

Resultados imprecisos, frames congelados, sem iluminação adequada. Já putrefato, deveras imperfeito, não necessitava de minguação de deferência. Que enigma.

A necessidade viciosa de buscar o mal insalubre, a idiotice de não sepultar a animosidade de um ser. Já deveria estar a léguas, pois não?

Mesmo que se podendo enxergar o mundo sem fronteiras, magneticamente a visão volta a olhar por brechas minusculas.

Quanta imbecilidade, quanta infantilidade. Atitudes que deixam o ser seguro de si uma besta dominável.

Há de se cessar, de se exterminar.

Mas o que se busca é apenas preenchimento. De emoções e sentimentos perdidos, coisas que apenas os corações joviais podem desfrutar. Por segundos contados de relógio, a explosão hormonal que almas calejadas não se permitem mais sentir.

Tudo isso em busca do mesmo olhar que já fora lançado, em entardeceres inóspitos e noites lascivas. O milionésimo de tempo de um piscar de pálpebras. Tempo eternizado em memórias que são insubstituíveis.

Pobres e miseráveis devemos ser. Loucos e facínoras seremos sempre.

Maldito sejam os olhares cirúrgicos, que afetam os espíritos com profundidade de uma lança cortando a carne.

Olhar maldito.

Maldito seja.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Words are very Unnecessary




E se parecem tolas as expressões aqui colocadas, seja porque se levou primaveras demasiadas para encará-las, ou porque já não trazem nenhum tipo de interesse na informação. As palavras serão jogadas aqui, para serem testemunhadas.
Ainda que se ergam paredes, não me intimidarei diante de tão vil edificação, não serei o varrido a falar com elas, mas sim cravarei minhas letras com pitadas de expectação, nas rachaduras que o tempo se encarregará de provocar. Trago as versões mais incompreendidas, mais dúbias e remotas para ouvidos surdos, para olhares turvos, para corações envenenados. Mas trago as versões mais internas, límpidas. Sem auto-zelo, apenas deixando minha alegação fincada nas brechas abertas da intransigência atempada.
A proposito, com o proposito de calar, de evitar, de interromper propositadamente, e provocar dor, a construção desse muro não evitará que eu lhe talhe minhas emoções, Mão calejadas não temem a indiferença. Sou sagaz, e sei que a conexão impede que exista amnesia eterna em memórias impressas com ferrete.
Consulto minhas entranhas, e obtenho como resposta a confusão que foi cruzar nossos ponteiros em horários distintos. Não há convicções nem certezas, e justamente por isso fica difícil descrever. Mas não há como se furtar na tentativa de elucidá-las, no propósito de responder as indagações que me foram feitas e jamais atendidas.
Verdadeiramente, enxerguei-te inicialmente como algo temporário, como um remédio rápido para minhas enfermidades. Não me envaideço disso, muito pelo contrário, foi uma névoa de deslustro em meu caráter, e acho que isso foi determinante para tudo.
Todavia, tem de se ilustrar aqui que, franqueou-se a vontade de recomeçar, de realizar, de construção. Para uma entidade tão perdida e isolada como sou, isso era tudo que havia de riqueza em meus bolsos furados.
Não busco culpados, e os motivos são desimportantes. Me atento ao resultado. Fracassamos, cada um em sua proporção de não conseguir ser o que se cabia nos sonhos mútuos. Mesmo com toda a alquimia que se conseguia nas coisas mais simples, menos nas complexas.
A grande obra criada desse encontro desarmônico é a certeza que há nesse momento o lamento de algo que poderia ter sido estupendo.
Há de ser como felinos, em outras vivências astrais. 
Que a vide lhe reserve surpresas boas, vitalidade emocional, desapego existencial. Que consigas descifrar o enigmas de seres tu, que deixes sair das tuas prisões internas a luz que habita dentro de ti. Que entendas que não existe a plenitude, seja ela para qual direção for. 
Votos sinceros, repletos de ternura.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Dilapida-me


Vem.

Vem cá.

Vem logo!

Vem, que eu to com fome, to com sede, to com o diabo no couro!

Nunca te vi, mas já te espero. Não sei teu nome, mas já te venero.

Voraz, coração maldito que já apodreceu de tanto vazio. Que grita, que urra, que xinga, que bate na própria cara.

Velocidade acelerada, me açoita nas molduras noturnas, me sufoca na calma imensidão.

Basta!

Basta de tantinho.

Basta de besteira louca, de simplicidade cretina, de amores rasos, de juras descartáveis.

Aos anjos que me sopram verdades e me fazem certo e desaventurado, que me mintam, que me joguem no vácuo da cegueira, não quero mais enxergar.

Me consuma! Me aproprie! Me transforme!

Seja cítrica, seja vulcão, seja tempestade, apenas seja!

E quando chegares, se tiveres que ir, que se vá! Mas deixe em mim gravada tua marca, algo que me sirva de alimento, de sustento, de escora.

Me faça valer a pena, antes que as luzes se apaguem, antes que tarde seja.
















segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Sad Blues



Andou, cansou e sentou-se no ali no canto mesmo.
Parou para respirar, o ar lhe faltava aos pulmões. Já não há o mesmo vigor de antes, afinal de contas o encargo carregado era penoso ao longo da jornada.
Esfregando as mãos contra a testa semi calva e preenchida com as rugas do tempo, espantou-se com uma única gota lacrimal que escorreu de seus olhos marejados e a sentiu tocar seus lábios. O sabor perturbador das dores internas.
Seu relógio já marcava aquilo que antes era impensado. O tempo anda, e muito mais rápido que uma simples caminhada sonolenta.
O sabor do alcatrão tóxico marca a primeira tragada num cigarro mal fumado, a boca trêmula denuncia seu estado emocional. Pensativo, procura achar quando se obteve alguma coragem. Onde foi que realmente se venceu a dor?
De tanto tentar esquecê-la, não se deu conta que ela sempre foi a sua única companheira real. Só agora, só neste micro momento de reflexão chegou-se à injuriosa verdade. Estava com ele para onde quer que o fosse.
No movimento de reabrir as pálpebras que antes fechadas se abririam para receber o choro, não conseguiu chorar. Algo impedia que ele transbordasse sua angustia. Como se fosse um abraço de sua amiga, não o deixando se livrar dela, unidos em matrimônio eterno, como se fossem um só.
Isso era o que mais lhe incomodava no momento, não conseguir expô-la para o mundo. Tímida, sua concubina não gostava de se mostrar. Era uma aliança secreta, coisa muito particular.

Respirou fundo, uma pausa para lembrar o quanto foi fraco em não conseguir desnudar seu sofrimento, o quanto teve de atuar como comediante da vida para não ser notado como o contrário. Em um famoso rir para não chorar, as pessoas nunca saberiam de seu maior segredo. Ele era casado com a dor.
Levanta-se, passos inibidos se iniciam. 
A jornada continua, de rosto re-maquiado pelas mentiras que tem que mostrar ao mundo, ensaia um sorriso falsificado e vai em direção ao perdido.
Mesmo sabendo que, toda vez que parar para pensar, sua velha amiga mandará lembranças.

*thanks to Mrs. Shirley Johnson for "As the years go passing by"

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Bom conversar contigo.



Escrevo quando tenho necessidade.

E mesmo com milhões de coisas para fazer, aqui estou novamente. No hábito cretino de escrever para você, mesmo sabendo que nada do que aqui foi dito chegará a ti.

É que nesse exato momento, eu me peguei pensando em você. O quanto de sentimento ainda tenho.
Soa patético eu sei. Acho que você seria a última alma viva que conseguiria enxergar com sensibilidade e exatidão o que os meus olhos dizem a mim diante de um espelho opaco.

Acho que sempre terei como uma falta o vazio que tua ausência causa.
Isso não são lamentações, não.

Saudosismo talvez, mas não há de se lamentar. Como cansa isso.

Hoje já não existe mais sentimentos dúbios, não há dicotomia de paixões. Aliás, não há mais paixão.

Mas foi por ti, que ainda jovem, senti paixão. E sinto falta de sentir paixão. Não que não exista amor em mim, mas a paixão se foi. Isso é morrer um pouco.

Os sabores, a cores, os aromas do mundo são pálidos. As palpitações tão prazerosas, não existem mais. A existência virou um dia nublado.

Claro que há risos, e serenidade. Mas o clima lá fora é frio, sempre frio.

Não sei se é a idade, se minha bateria está acabando, mas é assim que hoje minha vista enxerga vida.

E é tua pessoa que me faz lembrar de quando foi a última vez que senti calor. Soa estranho, eu sei. Haja vista que era sabido por nós lá no fundo, que nunca iriamos florescer. Entretanto é a ti que meu coração remete quando me lembro de paixão.

E eu te vejo hoje toda dona do mundo, feliz com as escolhas que fez. Eu fico muito feliz de ter saído da sua vida, pois sou sabedor de minhas limitações, e uma delas é saber que nunca lhe daria o sorriso que carregas agora. Não me sinto mal por isso, são apenas constatações.

Acho bom parar por aqui. Já desabafei.

Foi bom conversar contigo também.

sábado, 14 de outubro de 2017

Só quero sentir você !




Apaga a luz e abre teus olhos, que deles saem toda a iluminação que eu preciso, deixa o som baixinho, ta tocando Sade, e você não vai resistir a esse solo de saxofone. E dai que você tem vergonha? Tira esse vestido e se veste com a tua nudez, não tem roupa que combine mais com você que a tua nudez. Limpa teu batom nesse copo de bebida que é para não deixar os lençóis com a tua marca, porque eu as quero só para mim. Solta esse cabelo e deixa-o cobrir teu seio, que tuas curvas para serem melhores são as escondidas. Fica tranqüila, que esse vinho não vai acabar até você está sóbria. Não precisa falar nada, me deixa percorrer teus lábios e deles extrai toda tua verdade. Com licença, mas eu vou ter que beijar teu queixo, para não estragar a surpresa que tua boca tem pra me dar.
Sente a minha mão, sinta ela tocar a ponta dos teus dedos, de repente sumiu, ela está na tua nuca crua, eu to vendo através de teus olhos entreabertos que tua nuca gosta da minha mão. Esse teu suor é venenoso, é cheiroso me atiça cada vez mais. Pera ai não foi assim que fiz, vou contar baixinho no teu ouvido as melhores mentiras que você precisa ouvir.
Tuas costas são o terreno fértil para plantar cada pedacinho de carinho, que sai da ponta da minha língua, e sinto em meus lábios cada pêlo de seu corpo arrepiar-se, desculpa se minha saliva te molhar, mas é que eu preciso provar o sabor que você tem. Agora sou neném, sou bebê sem ama, descubro teus cabelos e de cada seio me nutrir, e chegar sem medo e sem barreiras ao teu sexo, teu ventre que da vida, e que hoje eu sou a tua vida.
Pode puxar os meus cabelos, deixe-me em erupção, nessa hora eu não tenho dor, as chagas em minhas costas que vieram de tuas unhas são de invejar a qualquer um. Não descola teu lábio do meu, vou repetir, não descola esse teu lábio do meu, a gente ta respirando na mesma sintonia, respirando forte, puxando ar que quer acabar, to me asfixiando, nós estamos.
Abraça-me com tuas pernas, prenda-me como se eu fosse fugir, me segura em teus braços, pois eu vou cair. Aperta minha mão e olha nos meus olhos, sinta que agora eu você somos um, estou dentro de você, toda a nossa percepção corporal está apenas em nossos sexos, o corpo se anestesia, eu só consigo sentir ali. E junto comigo, fecha os olhos, você está nas estrelas meu amor, no espaço, sente teu corpo levitar, é a gravidade zero que toma conta.
To sentindo, to sentindo, teu coração vai explodir, mas sente só o meu, sente como ele bombeia meu sangue, sente cada gota do meu suor escorrendo e se misturando ao seu, sente como nosso beijo já não é mais um simples beijo, é sussurro, é gemido, é saliva, é mordida, sente como não conseguimos parar de mexer. E teu corpo ta quente, ta pegando fogo, somos dois condenados a arder no inferno que o prazer fez, não reprima, solta isso, grita, isso mesmo, nessa hora grita alto para o mundo inteiro ouvir, grita que eu grito junto.
E agora que o mundo parou de girar, que sinto meu pé novamente, que já recobrei meu ar, e consegui parar de te abraçar, me deixa ver teu sorriso, é esse sorriso depois de um orgasmo que ninguém consegue reproduzir.
Fica quietinha, só faz cafuné, que agora meu bem, eu morri fui pro céu e voltei.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Sobre...



Ahh se o mundo inteiro me pudesse ouvir...
Se eu pudesse gritar como as poucas forças que me restam.
E minha voz fosse ouvida perante todas as estações do ano.
Ouviria-se um grito sussurrado, preso sob o peso da prensa que me aperta.

Meu coração vadio e fraco, que arde sem pretexto justo.
Feliz eu o seria, se fosse o ardor pelas brasas da paixão.
Iludo-me, consumo-me, rumino-me, afogado em ácido sentimento.
Um vulto vulgar, que me circula, assombrando-me sem um pingo de dó.

Onde minha integridade e sanidade foram quebradas, sob os protestos de minha alma.
Nos labirintos sem saída, que a vida nos prega e nos castiga.
E vive-se de migalhas de sentimentos duvidosos, uma febre nostálgica e torturante.
Alimentados por vícios de imaginação, onde carrascos me torturam com sua dança nupcial.

Quisera eu, enxergar na monotonia da rotina asfixiante.
Algum alento que me tirasse dessa convulsão de tristeza.
Que por segundos, retratos fixos em minha mente, fossem sequestrados para sempre.
Que a certeza da incerteza não pilotasse mais os destinos da minha existência.

E pinto a amarga aquarela de minha vida com pinceis de agonia.
Carregadas por tintas porosas, de aspecto pálido e borrado.
Perfazendo a imagem estúpida e pobre, de um ser combalido por suas próprias atitudes.
Desenvolvendo o sentimento mais orgânico e intransigente dos homens afetuosos.
A densa e insistente, saudade.



sexta-feira, 8 de abril de 2016

Gracias!!

Hoje estou sem palavras.
Elas me foram roubadas pelas facetas do destino.
E a dor nas costas, a lâmina que penetra no pulmão esquerdo.
Me falta ar.

As recordações do passado distante.
Me arrependo de ter vivido.
Todos os caminhos percorridos que me levaram ao nada.
Que tudo que se deu foi tomado de maneira grosseira.

Logo eu que achava ter curado as feridas, cicatrizado as mazelas.
Procuro ainda minha punição no caminho, do meu jeito.
Mesmo sem a honestidade e respeito que sempre ajuizei.
Me farto desse banquete de mentiras a conta gotas.

E no livro das explicações, não existe o capítulo que sane minhas considerações.
Enxertado de melodias de Grover Washington Jr. padeço sobre a realidade.
Não há como se ter aquilo que nunca foi seu. Nunca foi!
Mesmo Lou Rawls estando certo, não canto essa canção.

Sei que meu remédio é barato mas amargo, segundos em segundos.
E talvez eu tenha procurado isso quando voltei a ser aquele romântico idiota.
Mas não posso podar aquilo que tenho sobrando, e tenho muito a dar.
E basta essa seca passar, o tempo abrir, para se plantar a semente novamente.

E no final das contas eu sempre serei aquele cara legal, que ninguém quis magoar.